terça-feira, 19 de maio de 2015

encerro minha conta pela cota de textos em toda página

trinta e sete primaveras árabes talvez
de alguns raros outonos
e multiplos invernos infernais vivi
pois nesta hora a cuca transborda
deixando a desejar o parto
todo fascínio desaparece
vai embora
na bagagem
leva só os devaneios da falta
arranjos sem tecnologia alguma
nascedouros de luz que se afogam no escuro das nuances
todo aniversário gregoriano tem seu martírio
só me perguntem o quanto uma borboleta goza em sombra de orvalho
romantismo que ja nao enxerga aquilo que respira
o táxi da ilusão ali faz ponto
verborragica fuga
encerro minha conta
pela cota de textos em toda pagina
e adentro a liberdade prolifica dos pelicanos
o duvidoso amor deste orgasmo
anseio agouros de um sentenciado sentido
caminhao que derrapa na curva
a familia de meus transbordamentos nao tem linhagem
duas filhas temperamentais e um verso
pela quantidade substancial do vicio
onde o personagem fotografa
o vazio surreal da plenitude
a paz feito faca de dois gumes
traz em si muito lodo
minhas sequelas nao se transformarao em livros de bolso
de silencio se aproveita alguns proverbios
te quero rimbaud
peregrino na costa do marfim
seu nome se apresenta inabalavel
em minha memoria
olha
a catarse do ego nao adianta
ha gafanhotos que devoram a partitura
trapezios de vento no espetaculo da rua
contemos uma nova historia escandalizando o karma e a rotina
escarceu de lua
iluminai o oceano
o transito das bicicletas
arma que dispara em peito oco
desdenha angustia
desastre na revoada das cinzas
disse que daria um basta
a coisa abocanha meu tempo
precisa urgentemente levar um coice
posso ate editar as incertezas
por que gosto do cheiro
mas detesto o gosto
a ficticia solidao dos fracos espalhados pela estante ja nao me apetece
embriago-me de outros resquicios
a vida conflituosa da cidade
um tratado de arnica
parkson de canela
tudo pela avalanche da perda
musgo sem o otimismo das paredes
a saude sismica daquela voz abomina seu herdeiro
entretanto meu folego
na valsa dos bichos
alimentou aquarela
pergunto
como devo mutilar as pernas do capital
incendiar o poeta que nao vive sua poesia
a sapiencia do monge que fuma
cego de natureza
a nuvem interrompeu sua verve
terno de criptonita nos tropicos por uma bagatela
adoeci barroco
junto aos talheres da casa
fragmentou-se toda causa
sem a moral da música e da prosa

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