tinha a porqueira do roberto
na última noite do ano com sua lenga-lenga
que incomoda até palito de dente em boca enrugada
e o mesmo papo de boteco:
se ficar rico com a mega
monto fábrica de papel higiênico só com nota de cem
e boto bastante oferenda no mar pra iemanjá ficar ainda mais obesa
bom seria um berrante em praça pública
pra espantar de vez meu pranto
por que choro pela cerimônia da ignorância
pela chuva de fogo dentro do oceano que afugenta
não vale a pena tentar
só o tétano das coisas menores
pode colorir meu rosto
sei que vou sentir nada
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
domingo, 30 de dezembro de 2012
vaga por demais a existência com esse muro
acaba passando dentro de mim e escorrendo pro papel
se sou favela não - mas a fartura de meu grunhido é árabe
as coisas se mistuam- se diferem - se diluem em seu próprio conceito
fica a babação de ovo - os automóveis esquecidos no brejo
o prêmio mabel de lixeratura
o hotel luxuoso de marrocos com seu paradoxo de miséria
falo de quem fala em devaneio
é bandido querendo virar playboy
é playboy querendo virar bandido
é gente fora da moldura querendo entrar
é gente dentro querendo sair
é vaga por demais a existência com esse muro
um murmurio rouco
escritor que mandou prefácio com boleto bancário
pra mim pagar com moedas de ouro seu ofício
confesso
se ganhar o jabuti do ano vou virar jagunço
beber licor de jabuticaba pelado na rua
cantar fuscão preto na flip até vomitar beleza
vai ficar lindo meu rosto suado e sujo dentro da galeria
possesso de garranchos e outras crateras
se sou favela não - mas a fartura de meu grunhido é árabe
as coisas se mistuam- se diferem - se diluem em seu próprio conceito
fica a babação de ovo - os automóveis esquecidos no brejo
o prêmio mabel de lixeratura
o hotel luxuoso de marrocos com seu paradoxo de miséria
falo de quem fala em devaneio
é bandido querendo virar playboy
é playboy querendo virar bandido
é gente fora da moldura querendo entrar
é gente dentro querendo sair
é vaga por demais a existência com esse muro
um murmurio rouco
escritor que mandou prefácio com boleto bancário
pra mim pagar com moedas de ouro seu ofício
confesso
se ganhar o jabuti do ano vou virar jagunço
beber licor de jabuticaba pelado na rua
cantar fuscão preto na flip até vomitar beleza
vai ficar lindo meu rosto suado e sujo dentro da galeria
possesso de garranchos e outras crateras
sábado, 29 de dezembro de 2012
amor invisível - o sonho
é tempo de correria - fico aqui pensando calma e me exalto amando as bananeiras do infinito
os jogos de azar - a mega da virada - vira-lata - gente vesga estuprando as manhãs de artifício
no subsolo deste sertão explodi muito - cheiro com outras margens - voz quem trouxe
ritmos rasantes incendeiam minha cabeça - amor invisível - o sonho
diz não saber o gosto que tem - tagarela origem - livros espalhados pela mesa
desejo frequentar maceió - paulo afonso na bahia - sua cachoeira e andar de moto
coração anseia espanto - espasmo - umbigo imigrante
nada pode salvar meu surto - as palavras vão praticando em mim sua magia
vou deixando a coisa ganhar corpo - ficar sedentária e santa - saturada de brilho
os jogos de azar - a mega da virada - vira-lata - gente vesga estuprando as manhãs de artifício
no subsolo deste sertão explodi muito - cheiro com outras margens - voz quem trouxe
ritmos rasantes incendeiam minha cabeça - amor invisível - o sonho
diz não saber o gosto que tem - tagarela origem - livros espalhados pela mesa
desejo frequentar maceió - paulo afonso na bahia - sua cachoeira e andar de moto
coração anseia espanto - espasmo - umbigo imigrante
nada pode salvar meu surto - as palavras vão praticando em mim sua magia
vou deixando a coisa ganhar corpo - ficar sedentária e santa - saturada de brilho
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
nenhuma risada romântica
burca vermelha
meus olhos percorriam o horizonte desmiolado
um provérbio árabe:
o aroma do homem é a palavra
nos lábios da terra todo meu delírio
uma dose de arak pra ficar sóbrio
na orgia dos objetos imprevísiveis
a patifaria daquele site daquele sítio
trouxe até ternura
de repente voz reclama
o silêncio interagia com o meio
o desconhecido se apresenta
laylat alkadr
é a noite do decreto
eis a oitava estrela
ramadã de qualquer prenúncio
de qualquer prepúcio
do mesmo palestino que fala
meus olhos percorriam o horizonte desmiolado
um provérbio árabe:
o aroma do homem é a palavra
nos lábios da terra todo meu delírio
uma dose de arak pra ficar sóbrio
na orgia dos objetos imprevísiveis
a patifaria daquele site daquele sítio
trouxe até ternura
de repente voz reclama
o silêncio interagia com o meio
o desconhecido se apresenta
laylat alkadr
é a noite do decreto
eis a oitava estrela
ramadã de qualquer prenúncio
de qualquer prepúcio
do mesmo palestino que fala
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
aglomeradas agruras
não nada
a vontade de poder contaminou a terra
do príncipe ao plebeu tudo é solo fértil
nasce um homem nasce mais uma ilha com sua lei sua ditadura
e o acaso das vísceras fica pra outra hora
ainda hoje o desastre continua camuflado num abrigo imundo
o que vaza são vestígios de fumaça em pele estrangeira
seu babaca não trago brigadas na língua
minha esperança sempre foi precavida de espera
disse isso antes do angú virar polenta
do caroço virar fruta
só frequenta cinema quem tem pouca história pra contar
e ponto final pra continuar depois
na frente do carrinho de pipoca ou no supermercado
a merda é a mesma segue o mesmo curso
a vontade de poder contaminou a terra
do príncipe ao plebeu tudo é solo fértil
nasce um homem nasce mais uma ilha com sua lei sua ditadura
e o acaso das vísceras fica pra outra hora
ainda hoje o desastre continua camuflado num abrigo imundo
o que vaza são vestígios de fumaça em pele estrangeira
seu babaca não trago brigadas na língua
minha esperança sempre foi precavida de espera
disse isso antes do angú virar polenta
do caroço virar fruta
só frequenta cinema quem tem pouca história pra contar
e ponto final pra continuar depois
na frente do carrinho de pipoca ou no supermercado
a merda é a mesma segue o mesmo curso
terça-feira, 25 de dezembro de 2012
ordem de devaneios insubmissos
boca-paisagem
o retrato do risco e do rastro
rainha etíope - meteoro que paira sobre a terra
ordem de devaneios insubmissos
tatua em espírito o espanto
poucos sentem pés que interrogam o chão
noite fria com toda sua volúpia e seu silêncio
mar agitado o bastante pra ser calmo
borderline dos muros
peço paz que não possuo
fruto da guerra à distância
lomografia em luto
o deboche das multidões minguadas
tudo que escrevo escarro
aprendi com os potros do desejo:
o movimento sem mufuka as vezes aqui me ofusca
vem a morte e o motivo torna-se outro
outrora aproveitemos a temporada de nossa pele em outra pele
confidenciando vertiginosas verdades
entre as protuberâncias da rima
é preciso extinguir o óbvio
deixar com que o ócio governe
estes fantasmas uma causa sem comportamento e moda
vou ligar o abajur pra iluminar a liturgia do corpo
sou uma espécie de cristo ao avesso com cara de terrorista
forte pra receber o fardo e transformá-lo em brinquedo
o retrato do risco e do rastro
rainha etíope - meteoro que paira sobre a terra
ordem de devaneios insubmissos
tatua em espírito o espanto
poucos sentem pés que interrogam o chão
noite fria com toda sua volúpia e seu silêncio
mar agitado o bastante pra ser calmo
borderline dos muros
peço paz que não possuo
fruto da guerra à distância
lomografia em luto
o deboche das multidões minguadas
tudo que escrevo escarro
aprendi com os potros do desejo:
o movimento sem mufuka as vezes aqui me ofusca
vem a morte e o motivo torna-se outro
outrora aproveitemos a temporada de nossa pele em outra pele
confidenciando vertiginosas verdades
entre as protuberâncias da rima
é preciso extinguir o óbvio
deixar com que o ócio governe
estes fantasmas uma causa sem comportamento e moda
vou ligar o abajur pra iluminar a liturgia do corpo
sou uma espécie de cristo ao avesso com cara de terrorista
forte pra receber o fardo e transformá-lo em brinquedo
testamento de minhas desventuras hereditárias
adoro butô mas o buraco da vida é quase uma cratera
quando dançava frevo fraturei a costela
de lá pra cá cada qual com seus olhos e seu martírio
amanhã vão plantar flores no aterro
se voz oscila a dinâmica do mundo fica com febre nos arregaça
falta de sensibilidade é doença sinônimo de histeria homôgenica
ventriloquos da manipulaçã alheia
ainda não vou escrever o testamento das minhas desventuras hereditárias
atirar no escuro é bem mais difícil só com infra-vermelho
partidários da culpa continuam abocanhando os filhotes da balela
vi a noite se esquecendo com olhos grudados no asfalto
entrei na obra e abracei as paredes molhadas de chuva
comi feijão tropeiro na escada e pedi aos saudosistas pra esquecer a palmatória
condomínio fechado das ilusões anêmicas
agora digo:
um homem sem mistério é um homem morto
contaminado pelas vontades alheias esqueceu sua cabeça dentro da privada
continua acreditando ser herói e que tem prioridade
mas amanhã o casamento dos fatos é duvidoso
temos a novena e a novela
a propaganda e o jornal pra maquiar o ritmo real da existência
a cerimônia antológica dos sapos que jamais irão enxugar o pranto
quando dançava frevo fraturei a costela
de lá pra cá cada qual com seus olhos e seu martírio
amanhã vão plantar flores no aterro
se voz oscila a dinâmica do mundo fica com febre nos arregaça
falta de sensibilidade é doença sinônimo de histeria homôgenica
ventriloquos da manipulaçã alheia
ainda não vou escrever o testamento das minhas desventuras hereditárias
atirar no escuro é bem mais difícil só com infra-vermelho
partidários da culpa continuam abocanhando os filhotes da balela
vi a noite se esquecendo com olhos grudados no asfalto
entrei na obra e abracei as paredes molhadas de chuva
comi feijão tropeiro na escada e pedi aos saudosistas pra esquecer a palmatória
condomínio fechado das ilusões anêmicas
agora digo:
um homem sem mistério é um homem morto
contaminado pelas vontades alheias esqueceu sua cabeça dentro da privada
continua acreditando ser herói e que tem prioridade
mas amanhã o casamento dos fatos é duvidoso
temos a novena e a novela
a propaganda e o jornal pra maquiar o ritmo real da existência
a cerimônia antológica dos sapos que jamais irão enxugar o pranto
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
a dignidade do fuzil in-pessoa
botei meus anéis no dedo pra ficar forte
um cigano marroquino acostumado a fumar haxixe no meio da guerra
o mesmo palestino de barba que odeia o mundo
aquele favelado que botou fogo na fábrica da nike
amor...
é preciso inventar outra verdade
beber cerveja naquele boteco cult com cara de nojo
ser poesia em tudo - em todos - os tolos que nos olham
amanhecer ao relento a- mar
e depois atacar os publicitários do medo com suas próprias artimanhas
só assim as sentinelas do sonho sobreviverão
enteder a escritura do corpo imediata-mente
o espelho - sua proeza sem promessa
a palavra com seu silêncio - cilada
um cigano marroquino acostumado a fumar haxixe no meio da guerra
o mesmo palestino de barba que odeia o mundo
aquele favelado que botou fogo na fábrica da nike
amor...
é preciso inventar outra verdade
beber cerveja naquele boteco cult com cara de nojo
ser poesia em tudo - em todos - os tolos que nos olham
amanhecer ao relento a- mar
e depois atacar os publicitários do medo com suas próprias artimanhas
só assim as sentinelas do sonho sobreviverão
enteder a escritura do corpo imediata-mente
o espelho - sua proeza sem promessa
a palavra com seu silêncio - cilada
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
pobre-cia
empurra-empurra lá dá creme/ era o funk sexista da rua nove
na esquina a quentura complicada de existir
dentro daquele apartamento explosivo repete
se come calado e vai botando comida por demais na boca engasga
isso de indústria cultural
é que nem poesia concreta - enganação completa
o poeta batendo punheta à serviço (à ser vício) da propaganda
tudo uma grande merda (!
na esquina a quentura complicada de existir
dentro daquele apartamento explosivo repete
se come calado e vai botando comida por demais na boca engasga
isso de indústria cultural
é que nem poesia concreta - enganação completa
o poeta batendo punheta à serviço (à ser vício) da propaganda
tudo uma grande merda (!
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
santa dor que me invade
o mesmo texto
nunca o mesmo fato
como se fosse o casarão da memória
a graduação dos espantalhos
com suas túnicas sujas de sangue me deixou besta
o chápeu do imperador boiando no absoluto
o abraço sanguessuga de meu ócio romântico
faria uma escolha mal feita
o herói que satirizou a estrada - meia chaga
o morto na garupa da motocicleta que carrega um saco
infantes fumam pedra duas vezes na cinelândia
e você vem com perguntas esburacar meu ego
digo que nada adianta
que a dor que me invade é santa
é santa a dor que me invade ouviu
deusa profana que me quebrou um galho
amamenta os doze leopardos
mitológica diana
que meu orgulho noutras águas se faça sem medo
e nunca tenha modo
desastre na veia da marionete barroca
nunca o mesmo fato
como se fosse o casarão da memória
a graduação dos espantalhos
com suas túnicas sujas de sangue me deixou besta
o chápeu do imperador boiando no absoluto
o abraço sanguessuga de meu ócio romântico
faria uma escolha mal feita
o herói que satirizou a estrada - meia chaga
o morto na garupa da motocicleta que carrega um saco
infantes fumam pedra duas vezes na cinelândia
e você vem com perguntas esburacar meu ego
digo que nada adianta
que a dor que me invade é santa
é santa a dor que me invade ouviu
deusa profana que me quebrou um galho
amamenta os doze leopardos
mitológica diana
que meu orgulho noutras águas se faça sem medo
e nunca tenha modo
desastre na veia da marionete barroca
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
sequela no caminho me perdi em tantos
decidi rejeitar a ilusória dor
retirar do peito esta lembrança
colocá-la em quarto de despença até ser possuída pelo mofo
o que não consigo é investigar as coisas que amo
adjetivar as incertezas daquilo que julgo
as vezes gosto da paisagem
das manhâs que sinto uma felicidade inexplicável
noutro dia nada disso faz sentido
até o canto das aves me exaspera
o desejo se transforma em desastre
depois vira sopro
ar parado
virtude inexorável pra cada sonho
aí me deixo
terreno árido
abandono em noite sem lua
mas diante tudo
aquela mesma dor que negava reaparece
faz um reboliço insano na minha cuca
e no altar quotidiano do desespero me vence
fico ruminando derrota/ até gosto
poeta-menino sorrindo abestalhado para os automóveis que passam
depois em silêncio consigo me iludir com pranto
exaltar o risco
sequela no caminho que me perdi em tantos
retirar do peito esta lembrança
colocá-la em quarto de despença até ser possuída pelo mofo
o que não consigo é investigar as coisas que amo
adjetivar as incertezas daquilo que julgo
as vezes gosto da paisagem
das manhâs que sinto uma felicidade inexplicável
noutro dia nada disso faz sentido
até o canto das aves me exaspera
o desejo se transforma em desastre
depois vira sopro
ar parado
virtude inexorável pra cada sonho
aí me deixo
terreno árido
abandono em noite sem lua
mas diante tudo
aquela mesma dor que negava reaparece
faz um reboliço insano na minha cuca
e no altar quotidiano do desespero me vence
fico ruminando derrota/ até gosto
poeta-menino sorrindo abestalhado para os automóveis que passam
depois em silêncio consigo me iludir com pranto
exaltar o risco
sequela no caminho que me perdi em tantos
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
música de sonhos surrados
o egoísmo de sua maldita solidão me deixou tonto
a sua falsa mania de mudança
é tão bestial como o sorriso de um qualquer passante
por que sei que no fundo do poço a sua vontade de conforto grita
vida arraigada num futuro que nada na cloaca do tempo
vou cuspir no olho da casa
na obesidade do fôlego e na cadeia
só me resta dizer sobre as amarras
provável que todo espanto se transformne em deboche
gosto podre/ dente cariado
outra paisagem
esquecer o caminho
abandonar o infortúnio de toda chegada
meu melhor destino nunca reclamou vitória
então fica mais suja
continua limpinha toda lógica
dentro deste apartamento deste aquário
contemplando da janela o inferno da vida alheia
senhora segurança
voz perdida/ música de sonhos surrados
silêncio tosco que não contamina
garantias que se apagam da lembrança:
a carteira de motorista/ a carreira daquela prostituta
a estante fedendo a livros/ a marca de sua blusa
ter quem paga as contas
quem bota comida na mesa
a mesma brincadeira de sempre:
sair de casa pra fazer yoga
nesta cidade careta de belo horizonte
tive um sobresalto
mais uma vez
olhos encharcados de renúncia
a sua falsa mania de mudança
é tão bestial como o sorriso de um qualquer passante
por que sei que no fundo do poço a sua vontade de conforto grita
vida arraigada num futuro que nada na cloaca do tempo
vou cuspir no olho da casa
na obesidade do fôlego e na cadeia
só me resta dizer sobre as amarras
provável que todo espanto se transformne em deboche
gosto podre/ dente cariado
outra paisagem
esquecer o caminho
abandonar o infortúnio de toda chegada
meu melhor destino nunca reclamou vitória
então fica mais suja
continua limpinha toda lógica
dentro deste apartamento deste aquário
contemplando da janela o inferno da vida alheia
senhora segurança
voz perdida/ música de sonhos surrados
silêncio tosco que não contamina
garantias que se apagam da lembrança:
a carteira de motorista/ a carreira daquela prostituta
a estante fedendo a livros/ a marca de sua blusa
ter quem paga as contas
quem bota comida na mesa
a mesma brincadeira de sempre:
sair de casa pra fazer yoga
nesta cidade careta de belo horizonte
tive um sobresalto
mais uma vez
olhos encharcados de renúncia
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
voz na embriaguez o vulto
a marca do sol revitalizando o seio
no cemitério da rotina
o estandarte
misteriosa presença já não enxerga nada
aos farrapos
sombras que pairam
no subsolo da orgia
a imagem desenharia o corpo
oferendas ao vento
metamorfose da coisa
adiante silêncio
no cemitério da rotina
o estandarte
misteriosa presença já não enxerga nada
aos farrapos
sombras que pairam
no subsolo da orgia
a imagem desenharia o corpo
oferendas ao vento
metamorfose da coisa
adiante silêncio
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
chega de falsa melancolia pois o gosto da melancia ficou podre
emocionou-se a vida com os alargamentos da alma
neste instante espasmo é necessário
o desconhecido veio abordar o fôlego
fantasia sempre foi virtude neste dias banais
confesso
trago em meu corpo outra velocidade
paraíso distante
sonho e risco
pois felicidade pesou tanto
voz devia instigar o nada
sentir amor sem os escombros da moral
pra que todo entusiasmo fosse embora
neste instante espasmo é necessário
o desconhecido veio abordar o fôlego
fantasia sempre foi virtude neste dias banais
confesso
trago em meu corpo outra velocidade
paraíso distante
sonho e risco
pois felicidade pesou tanto
voz devia instigar o nada
sentir amor sem os escombros da moral
pra que todo entusiasmo fosse embora
sexta-feira, 25 de maio de 2012
o pintor pirata e a chinesinha vermelha
atelier em desordem como a casa de francis bacon
quadro a persistência da memória pendurado na parede
pra começar precisamos duma chinesinha de luvas azuis
vestido longo e vermelho
e um artista quase cego dum só olho usando um tampão de pirata
deitado numa poltrona suja de tinta lendo rimbaud
a campainha toca - ele sonolento custa abrir a porta
a chinesinha entra sem falar nada procurando a geladeira
atira uma bolsa de couro na cara dele
fotografias se espalham pelo chão da cozinha
ela grita que as fotos são experimentos embaçados de vida
ele nem se importa pega uma faca e começa a esfaquear uma tela fresca no cavalete
ela se aproxima e bota um vinil na vitrola
o pintor pirata esfaqueia a tela com fúria dando cusparadas no amarelo que escorre
enquanto isso a chinesinha senta na poltrona
abre bem as pernas com seu vestido vermelho decotado e sem calcinha
e observa com gula aquele homem
de repente ela começa a esfregar melancia na xoxota
nosso artista está mais concentrado que nunca em sua obra-prima
então a chinesinha retira uma de suas luvas azuis cantarolando e amarra na coxa esquerda
o telefone outra vez toca - o pintor pirata grita qualquer coisa - atende e logo desliga
agora senta na poltrona e aperfeiçoa o nó da luva azul na perna da chinesinha tesuda
depois enfia dois dedos num pote de tinta e passa nos lábios vaginais daquela boca
pega mais tinta e pinta o pau de verde
e começa a trabalhar lentamente naquela bunda dura e suada
o resto vai sendo inventado de improviso
contando com a criatividade visceral dos atores
porém se faz necessário um final esplendoroso pra com essa foda
que tal o pintor pirata gozar uma cachoeira de porra
como se estivesse dando um banho de mangueira na chinesinha sapeca
e depois rasgar páginas de felicidade clandestina
colando pedacinhos no corpo daquela escultura
quadro a persistência da memória pendurado na parede
pra começar precisamos duma chinesinha de luvas azuis
vestido longo e vermelho
e um artista quase cego dum só olho usando um tampão de pirata
deitado numa poltrona suja de tinta lendo rimbaud
a campainha toca - ele sonolento custa abrir a porta
a chinesinha entra sem falar nada procurando a geladeira
atira uma bolsa de couro na cara dele
fotografias se espalham pelo chão da cozinha
ela grita que as fotos são experimentos embaçados de vida
ele nem se importa pega uma faca e começa a esfaquear uma tela fresca no cavalete
ela se aproxima e bota um vinil na vitrola
o pintor pirata esfaqueia a tela com fúria dando cusparadas no amarelo que escorre
enquanto isso a chinesinha senta na poltrona
abre bem as pernas com seu vestido vermelho decotado e sem calcinha
e observa com gula aquele homem
de repente ela começa a esfregar melancia na xoxota
nosso artista está mais concentrado que nunca em sua obra-prima
então a chinesinha retira uma de suas luvas azuis cantarolando e amarra na coxa esquerda
o telefone outra vez toca - o pintor pirata grita qualquer coisa - atende e logo desliga
agora senta na poltrona e aperfeiçoa o nó da luva azul na perna da chinesinha tesuda
depois enfia dois dedos num pote de tinta e passa nos lábios vaginais daquela boca
pega mais tinta e pinta o pau de verde
e começa a trabalhar lentamente naquela bunda dura e suada
o resto vai sendo inventado de improviso
contando com a criatividade visceral dos atores
porém se faz necessário um final esplendoroso pra com essa foda
que tal o pintor pirata gozar uma cachoeira de porra
como se estivesse dando um banho de mangueira na chinesinha sapeca
e depois rasgar páginas de felicidade clandestina
colando pedacinhos no corpo daquela escultura
terça-feira, 3 de abril de 2012
na-estampa-do-sorriso-acidental-memória-defeito
o retrovisor que machucou meu braço
dói menos que o declínio deste instante
andarilho árabe na passarela da rua e do metrô
fuga de mim
misterioso meretrício
confundo sinagoga com mesquita
de tanto enxugar as lágrimas do tempo
atordoa
desarranjos de palavra
verborrágico instinto
hospital não adianta
nuvem só não vale
a doença foi este pesadelo
nos pergaminhos
do riso
do ego
este pasmo
e se gritasse filho da puta
a frase frustraria o reflexo da lâmpada
então fui de braços abertos irremediável encontrar a noite
beber a mesma cerveja no botequim trivial e gasto da esquina
só não pude ler no livro de seus olhos
senhora plenitude
adjetivos de leveza e liberdade
isso deixou minhas asas sujas
de barro
de sangue
pois o carisma no paraíso das carrancas
afagou os ferimentos da pele
sem ouvir ressonância
maldizia
coração com buraco
coração que ventila
dói menos que o declínio deste instante
andarilho árabe na passarela da rua e do metrô
fuga de mim
misterioso meretrício
confundo sinagoga com mesquita
de tanto enxugar as lágrimas do tempo
atordoa
desarranjos de palavra
verborrágico instinto
hospital não adianta
nuvem só não vale
a doença foi este pesadelo
nos pergaminhos
do riso
do ego
este pasmo
e se gritasse filho da puta
a frase frustraria o reflexo da lâmpada
então fui de braços abertos irremediável encontrar a noite
beber a mesma cerveja no botequim trivial e gasto da esquina
só não pude ler no livro de seus olhos
senhora plenitude
adjetivos de leveza e liberdade
isso deixou minhas asas sujas
de barro
de sangue
pois o carisma no paraíso das carrancas
afagou os ferimentos da pele
sem ouvir ressonância
maldizia
coração com buraco
coração que ventila
borboletas marroquinas e a eternidade do cisco
acredito em nada
tampouco nas promessas dum sonho flutuante
o que não funciona é tão sentimental
como a solidão sedentária daquela cidade
transeuntes que atropelam meu ócio
arquitetura do parto
vou dançar o último tango das ilusões perdidas
a decadência dos cristais suntuosos
tecido vermelho vai virar turbante
tudo será perfeito menos aprimorado
nariz de muçulmano antes da queda
na hemorragia do verso
um só vestígio
o fôlego de minhas entranhas sitiava os portais do corpo
sabedoria é saber que sou
a natureza dos náufragos
o banho gelado em contagem
a cachaça do eterno abandono
todavia
borboletas marroquinas sobrevoam os jardins da infância
porém
meu mais novo brinquedo
passou a ser um lixo exótico
tampouco nas promessas dum sonho flutuante
o que não funciona é tão sentimental
como a solidão sedentária daquela cidade
transeuntes que atropelam meu ócio
arquitetura do parto
vou dançar o último tango das ilusões perdidas
a decadência dos cristais suntuosos
tecido vermelho vai virar turbante
tudo será perfeito menos aprimorado
nariz de muçulmano antes da queda
na hemorragia do verso
um só vestígio
o fôlego de minhas entranhas sitiava os portais do corpo
sabedoria é saber que sou
a natureza dos náufragos
o banho gelado em contagem
a cachaça do eterno abandono
todavia
borboletas marroquinas sobrevoam os jardins da infância
porém
meu mais novo brinquedo
passou a ser um lixo exótico
quinta-feira, 29 de março de 2012
vazio da prece
dialetos encantavam a sereia
serviria no ócio do grito
o desespero na eternidade do mar
emocionou a pele
vertigem com olhos de ampulheta
apocalipse da falta
um devaneio carnívoro
na verborragia esquecida da voz virou matéria
prazer parasita de palavras
no alfabeto do cosmo
a cor fosforescente da paisagem
trouxe no turbilhão da melodia
as artimanhas do ego
na garganta este adagio
silêncio imunizando a utopia
propaga o soluço no colorido dos lábios
abandono volta
calafrio de incerteza
modernidade e marasmo
o mesmo futuro poderia exaltar a vida
na masmorra poluindo o oxigênio deste orgasmo
assim será meu exílio
atropelo de razão no meio da rua
vagalume de hálito duvidoso
felicidade fascista lapidava o tédio
no sarcófago da visão
apodreceu o canto
serviria no ócio do grito
o desespero na eternidade do mar
emocionou a pele
vertigem com olhos de ampulheta
apocalipse da falta
um devaneio carnívoro
na verborragia esquecida da voz virou matéria
prazer parasita de palavras
no alfabeto do cosmo
a cor fosforescente da paisagem
trouxe no turbilhão da melodia
as artimanhas do ego
na garganta este adagio
silêncio imunizando a utopia
propaga o soluço no colorido dos lábios
abandono volta
calafrio de incerteza
modernidade e marasmo
o mesmo futuro poderia exaltar a vida
na masmorra poluindo o oxigênio deste orgasmo
assim será meu exílio
atropelo de razão no meio da rua
vagalume de hálito duvidoso
felicidade fascista lapidava o tédio
no sarcófago da visão
apodreceu o canto
quarta-feira, 28 de março de 2012
presságio de flores mas é de balão que ela gosta
ensaio cegueira mais de nove anos
e só agora meus olhos em seus olhos se encontraram
noite em que escrevo tudo de cabeça
ama mas não só por que admira
quero ser seu gato
corto as unhas e prometo que não pulo a janela
talvez fuja por que sou suspeito
me perdi bastante em loucura plural
mas sou singular demais pra ser um só
ainda bem que existe espelho e espasmo
também posso ser um passarinho azul
que canta na janela de seu apartamento
mais alto que o barulho da reforma
lembra (?)
sou seu cúmplice na consciência desbaratinada da vida
minha dor dói mais que martelada no dedo
agora depois de uma gotas do remédio do sono
vem me chegando silêncio e alegria
por saber que compartilhamos seqüelas
noites mal dormidas
devaneios
raivas e risos semelhantes
pois te quero em vida muito
abrindo e fechando portas e janelas ...
e só agora meus olhos em seus olhos se encontraram
noite em que escrevo tudo de cabeça
ama mas não só por que admira
quero ser seu gato
corto as unhas e prometo que não pulo a janela
talvez fuja por que sou suspeito
me perdi bastante em loucura plural
mas sou singular demais pra ser um só
ainda bem que existe espelho e espasmo
também posso ser um passarinho azul
que canta na janela de seu apartamento
mais alto que o barulho da reforma
lembra (?)
sou seu cúmplice na consciência desbaratinada da vida
minha dor dói mais que martelada no dedo
agora depois de uma gotas do remédio do sono
vem me chegando silêncio e alegria
por saber que compartilhamos seqüelas
noites mal dormidas
devaneios
raivas e risos semelhantes
pois te quero em vida muito
abrindo e fechando portas e janelas ...
ensaio cegueira mais de nove anos
o amor nômade conheceu diante o improvável a embriaguez da lua
sangue que se mistura
há mais de nove anos olhos se perdem
nuvens com gosto de algodão doce devoram o firmamento
ser sem nenhuma promessa
oferenda
dorminhoco de meia
odalisca sem burca
na antropologia do sonho
legião tem outra cara
alimenta o corpo
ancestrais do instante
irã-áfrica-brasil
abraçando com alma o vento
vertiginosa língua
beijo e espasmo
no semblante ternura
outrora incansável seria o encanto
palavras e parábolas num só fôlego
repouso de borboleta
orvalho
pôr-do-sol
chuva
pois em amor lhe dou pérolas da imaginação modificada
um felicidade triste sem recalque
maior que palavra responde
flutua na música de nossos olhos
dor que acalma
acaso os relicários da alma brilharam
deixando rastros na travessura surreal do tempo
outra cumplicidade
a cidade regurgitando um deus antropofágico em cada esquina dança
mulher bonita lavando o cabelo na rua
dez gotas de rivotril e um abismo profundo
corpos experimentando a sede
espinha no rosto
o futuro subjetivo do objeto que se persegue
uma tribo indígena
indigentes de rayban fumando o último cigarro
em cada verso um espanto
solidão explodindo na cor de cada tatuagem
produziu velocidade bastarda no sonho
voz que me lembrava da deusa
minha doença de existir em tudo
constrói comigo o trapézio
enche de balões o quintal
a gente deita no mesmo chão
e trafega pelo trânsito da memória
na razão rudimentar de cada risco
sua beleza rainha
brinca faz sorrir
nos mediterrâneos da catarse
deixa minha boca intoxicada de silêncio
até fica bom ouvir que você leu o paulo
que as vezes se importa com o povo
no patíbulo da prática
inaugura-se uma nova liturgia
sem nenhum disfarce
sangue que se mistura
há mais de nove anos olhos se perdem
nuvens com gosto de algodão doce devoram o firmamento
ser sem nenhuma promessa
oferenda
dorminhoco de meia
odalisca sem burca
na antropologia do sonho
legião tem outra cara
alimenta o corpo
ancestrais do instante
irã-áfrica-brasil
abraçando com alma o vento
vertiginosa língua
beijo e espasmo
no semblante ternura
outrora incansável seria o encanto
palavras e parábolas num só fôlego
repouso de borboleta
orvalho
pôr-do-sol
chuva
pois em amor lhe dou pérolas da imaginação modificada
um felicidade triste sem recalque
maior que palavra responde
flutua na música de nossos olhos
dor que acalma
acaso os relicários da alma brilharam
deixando rastros na travessura surreal do tempo
outra cumplicidade
a cidade regurgitando um deus antropofágico em cada esquina dança
mulher bonita lavando o cabelo na rua
dez gotas de rivotril e um abismo profundo
corpos experimentando a sede
espinha no rosto
o futuro subjetivo do objeto que se persegue
uma tribo indígena
indigentes de rayban fumando o último cigarro
em cada verso um espanto
solidão explodindo na cor de cada tatuagem
produziu velocidade bastarda no sonho
voz que me lembrava da deusa
minha doença de existir em tudo
constrói comigo o trapézio
enche de balões o quintal
a gente deita no mesmo chão
e trafega pelo trânsito da memória
na razão rudimentar de cada risco
sua beleza rainha
brinca faz sorrir
nos mediterrâneos da catarse
deixa minha boca intoxicada de silêncio
até fica bom ouvir que você leu o paulo
que as vezes se importa com o povo
no patíbulo da prática
inaugura-se uma nova liturgia
sem nenhum disfarce
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
em seus olhos meus olhos morrem
em seus olhos o sonho lateja
em seus olhos um dia de chuva
alguém olhando a paisagem esquecida da janela
em seus olhos uma sensação estranha de felicidade flutua
em seus olhos as estrelas se multiplicam
e a noite continua sorrindo para os desacordados
em seus olhos cegos de tanto enxergar o mundo me embriago
tudo passa pelo seus olhos
o brilho raro dos corais
o infinito
por seus olhos estas lágrimas se eternizam
o silêncio fortalece
em seus olhos meus olhos descansam
em seus olhos meus olhos morrem
em seus olhos um dia de chuva
alguém olhando a paisagem esquecida da janela
em seus olhos uma sensação estranha de felicidade flutua
em seus olhos as estrelas se multiplicam
e a noite continua sorrindo para os desacordados
em seus olhos cegos de tanto enxergar o mundo me embriago
tudo passa pelo seus olhos
o brilho raro dos corais
o infinito
por seus olhos estas lágrimas se eternizam
o silêncio fortalece
em seus olhos meus olhos descansam
em seus olhos meus olhos morrem
Assinar:
Postagens (Atom)