segunda-feira, 29 de julho de 2013

biografias de orvalho

biografias de orvalho é tudo que tenho
a fortuna dos cágados por debaixo da cama
outrora contemplo este pôr-do-sol sem nenhuma presa
intolerância que já não me pertence
sejam estes olhos o espetáculo de outras nobrezas
dom do corpo - acontece que estou me doando
a tarde cai diante as vísceras esquecidas do vilarejo
a quantidade de oxigênio é insuficiente para o peito
tambor com pele de urso ecoa
cachoeira trouxe aos ouvidos do cego música resplandecente
o inverno das folhas vem chegando
há uma dor inexplicável pedindo passagem
sobre as armadilhas me refaço - liturgias me adoecem
a partir de agora serei outro
relicários de travessura - mar com toda sua sede
continuo entre as precariedades do absoluto
agricultor das manhãs - rabisco asas de anjo
pesadelo universal de cada personagem
à convite da época - toda revolução termina com algumas cifras no bolso
aqui abastecia os caixas da miséria
bisgodofú - alfaiate das sombras
o que sobra fica sendo a sobriedade dos robôs da ignorância
as lacraias do efêmero - os hipopótamos da lambada
sigo avançando meio aos centavos da volúpia
terceirizando os trapos na fila  
os demais associados assuntam - carruagens de terra
delírio marroquino tatuado no ventre
analisando a temperatura dos que se perderam pela página
anseio o repouso dos bem-te-vis da ironia
no paradoxo de cada fritura - sonhos que valsam
fica entre o templo e o sarampo - a sabedoria do sádico
papel de pão e caneta
resta o banquete das pernas - gosto de garapa na boca
a resistência dos grilos é tão efêmera que o fado se torna fictício
carnaval rupestre - marchinhas sem o tratamento trivial da tribo
eterno passageiro da balsa
os termômetros do país armado se derretem  
variantes de qualquer prenúncio
caranguejo de pedra beijando bola de sinuca
a priori sei o quanto é frágil a pele
apesar das monstruosidades - belezas se aviltam  






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