trabalho nem trambolho - o comparsa das incertezas -
já não se associa com os gigolôs da imaturidade
deuses calamitosos marcham na solidão verborrágica da terra
arco-íris dorme - os demais se procuram
floresta onde imagino o silêncio das sombras
salamandras irresponsáveis - entusiasmo eterno
estarei acasalando os males -
religando o ritmo ao lodo rudimentar da vida
que esteja sonhando com esta fábula
cicerone da falta no descompasso da cachoeira brilhante -
rastro de vento aguçou imagem
no subsolo instrumental desta angústia - divago
talvez cioran degole a plenitude do canto
mesmo assim os caramujos continuam sonâmbulos
na contemplação de fotografias que perderam o pescoço
enquanto escrevo - o barulho fortalece o reino
originais que não se pertencem - escandalosa alma
esta sabedoria é prisioneira das promoções de eutanásia
hoje nem meu corpo se aproveita - entorpecia o grito
garanto que não foi a mesma dama - descoberta ao alcance das
mãos
dinheiro acaba - outrora a fartura do onírico em mim
permanece
adiante o caminho - a chegada - nunca teve forma
covardia dos que deixam os interruptores do ego falar alto
escuro em meu peito sangra - vem como chaga - coração efêmero
-
guia espiritual de espasmo -
tenho tratados inúteis camuflados no bolso
criaturas que adoeceram a memória - o estupro da lua era
anunciado
eu que já não escuto o karma deste apocalipse
como se não bastasse - no patíbulo de outras vivências
velocidade desagrega
fico derramando a magia dos galhos nas vísceras vadias do tempo
abandono toda camaradagem - cativeiro de pés flutuantes
passageiro passado invadiu minha cuca
estou em vila rica - 1918 - com cachimbo na boca -
rabiscando telhas de cabelo branco -
nem o vermelho da roupa garantiria a paz das tarântulas
desconforto na epopéia do sol - tia filomena leu a carta
morte mandinga mistério em sua fronte
doce de leite que não me sai da infância
maravilhoso gosto no firmamento das árvores
angariando devaneios no presságio das mortalhas -
pouco senti interesse por tudo
nas carrocerias do século a musculatura da vida fornicava
ainda é cedo - sempre quis ser as coisas menores - disso
sinto inveja -
livros em liberdade - bala de farinha - a liturgia da pele
que se apresenta
alicates alarmantes - o aviador do vício sobrevoa -
latrina dos que só falam a mesma língua
de repente os prazeres se modificam - como se os
construtores iluminassem ruínas
adoeceu o intérprete prolífico da natureza -
atingido em escarro de escritura o que é frágil
regurgita o caos efetuando um fraterno beijo
barganha o medo na tentação das lebres - estas mãos agradecem
a colheita
personagem que não sabe exaltar o totem - terra sentimental
e mangue
os quilombolas se alegram - viandantes se aventuram -
por que toda heresia virou festa ...
uma grande e imensa onda de epifania...
ResponderExcluirossos que se queimam e coração
que bate frenético (há serenidade
atrás da montanha)
...
valeu, camarada!
forte abraço.