quinta-feira, 25 de julho de 2013

toda beleza é triste - em seu esplendor - faixa de gaza

espelho tem sido o portal de angústias tenras
desenho que chora
receptáculo de sonhos que se devoram
ternura de olhos arcaicos
borboleta azul de unhas cortantes

amor deve ser cisco - carinho na nuca  
beijo nas mãos que se entrelaçam   

na intimidade química do ócio
abocanho palavras que ainda dormem
nunca abandonei o canto

esta sanfona dentro do quarto acelerou o transe
piratas do imperfeito fazem choupana na língua

outrora desvirginou o grito - cego de outras tarântulas -
fotografei o vento sentimental das cinzas
perfume de alfazema em saia rodada
sarcófago no trânsito - uma colagem    
papagaio dando um rasante na cela
atingiu as ranhuras da pele em liberdade

o pernilongo de práticas oníricas
na paralisia dos personagens divaga

estrelas brilham num lençol roto
chuva de novo me abraça
toda beleza é triste - em seu esplendor - faixa de gaza  
cigarro queima entre os dedos

solidão alimenta -
comboio de almas que se combinam num só corpo
aos pés da virtude - o vício - derrame silencioso -

aprendi com os cactos uma latejante inércia
ladainha nos trópicos da inocência

extravasa o ego  
abajur de acasos

retalhos de ressonância ritualizam o risco
regente de assombros - nada é minha fortaleza    

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