quinta-feira, 18 de setembro de 2014

divina comédia de alma rupestre

o silencio promíscuo
desta madrugada
nos convida
ao desregramento vertiginoso do corpo
onde as palavras
imparciais de luxuria
no atentado efêmero deste álibi são as mesmas que já estão no prelo
do grelo mundano que se misturou a minha sorte santificando a incestuosa planta
ao norte do tempo
sem nenhuma armadura
língua meu delírio
entra sem bater na porta intoxica o desejo
voa
destrói toda saudade lírica numa só toada
e se lambuza
neste faz-de-conta
feito os cães da realidade sonâmbula
instiga este surto
no vazio da cama
sem conceito
pela catarse monstruosa do verso
contemplai o vento
a embolada
divina comédia de alma rupestre
no deserto flutuante do canto
inércia abortiva
janelas intrigantes
mistério
estou aqui
pergaminho
nódoa
teatrinho chulo
sem artaud nem rimbaud apresento noite
fantoche derramando chuva
crueldade
provérbios de blake
faca de dois gumes
sombra no osso do peito
sem pó
nem soneto
este ar parado
minerva a fronte
no frontispicio duma outra pele
ianomâmi

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