domingo, 10 de fevereiro de 2013

con-versa com fran que estuda na usp - quase um monólogo

tem um canguru dentro de casa
uma cadelinha mestiça implorando comida
um intelectual que nada sabe de nuvem
menina que propaga seu borderlaine como se fosse moda
é a liturgia fran dos que mordem o rabo
sabe de uma coisa - aos que preferem o coice
pago a conta adiantada só pra eles continuarem bebendo
presto pra ser isso:
uma caixa d água sem boia
aquele que transborda
também vou cuspir na cara do boia-fria
do explorador e do explorado
hoje sei - palavra é tão besta
tem gente brincado de fazer butô lá em vitória
alimentando o mimo
músico de banda dando o cu por causa de lei de incentivo
quem é o artista
o arado ou o mito me responda fran
ontem fiquei com medo de abrir a janela aí escancarei a porta
vi uma cabrocha na laje
o sol era forte - o olho dela brilhava
havia cansaço naquele rosto pardo e nenhum diploma
a culpa é de quem ah
experiência aqui já não interessa
todos sabem o que viveram mesmo quando se calam
que mistério é esse
o aluno bolsista que se acha precioso paga de turista na inglaterra
o professor à cagar a mesma merda do século dezoito
isso não é desabafo
é o parasita fumando maconha na usp - puxa-saco
pai que sustenta o circo
fran vou comprar um espelho
uma idéia transgressiva pra não me sentir vazio
por que não tenho essa mania burguesa de rotular tudo
a escola de epicuro se fodeu
tenho sim uma trejeito de rabiscar a fome dos que fogem
dos que pagam pau
doce fran - fracasso em mim virou força
entende
casa e cadeia é uma coisa só
se tem alguém gritando lá for grita primeiro dentro de mim a coisa
será que ouço o silêncio de sua boca ou da mortalha
fran continua em frangalhos o nervo
a musculatura que nenhum leleuze vai ter
uma dor pronta e berrante - protuberante aqui dentro
gostas do passado fran
da história ou da mentira
prefere verdade ou vertigem
cultiva dúvida
fiquei sabendo que mestre ignorante morreu
assim falou meu transe:
pra quem não sabe ler - sombra na copa das árvores diz muito
balela é pensar a vida dentro dum aquário
fran não canso de falar seu nome
porém fico exausto quando investiga o que não sabe
je est un autre - sou eu mesmo
saca a sacanagem do mundo - o clarão da folia
o musgo daquela superfície
anarquia uma pólvora
é bagunça mesmo porra
tudo nem vai nem volta - amor
quando vai - vai sem volta
voltemos a neve
aquela que você queria engarrafar nas ruas aí de berlim
já entrou alguma vez num puteiro
se não entrou não pode ser filósofa
lembra da quentura - da gula do corpo - essa mesma
faz o seguinte: mas não segue receita
contraria as expectativas
traz pra mim do caduco continente demente
nenhuma influência
reza fran - loa - pra que eu dance em qualquer terreiro
então desdenha uma vida nova e se põe a prova
vai se descobrir moça
e por falar em mudança - cria ruga na testa

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