tv é quem protagoniza o
lero-lero
ciúme daquilo que se propaga
adiante faço barba sem ter
força
na antropofagia dos muros
nem chego a pensar na idéia de
coito
basta de conversinha
a primeira foi uma monareta
branca sem marcha pra subir ladeira em são gonçalo
depois comprei vermelha de
bancão com amortecedor traseiro
amarrei caixote de garupa e
vendia desinfetante na feira
aos doze já dançava tango e xaxado
na casa das prima
o nordeste estampado no peito
- cachaça com rapadura pra ficar numa boa
cresci querendo encontrar os
gafanhotos da língua
rama de chuchu e maracujá num
primeiro porre
abajur eternizava o gozo
de moleque furava balaio que
me cuspia no mar
livro abandonado na pedra da
bandeira
prorrogava no segundo tempo a
poesia
lá deixei meu corpo flutuando
no fluxo das imperfeições sublimes
o pudim de pão - com sua
estrela - menina feia - eu desejava
espinha de 78 foi presente de
aniversário
continuava viciado em sinuca
jogando apostado com zé binha
lembro dele e do reboco da
foda no cutia
pinga só ficava amarela com açúcar
e gambiarra
a liberdade do pai é gaiola
dando surra na perna
jeovás foram os fósseis da beliche
no levante das portas
uivo de ginsberg já era meu
kaddish
sem nunca ter botado os pés na
sinagoga
já improvisava discurso com gravata
de flanela
descia todo dia o morro de 7-5-2
engraxado e paletó de crente
eletricista botei fogo na
varanda da igreja
picareta de assistencialismo
só ganhava trocado na gávea
publiquei matéria do homem
que morreu em pindorama
jóia influente de craveirinha
jornalista ama-dor aos
dezoito anos perdi um dente
nenhum cordel de bairro aqui
foi vanguarda
quando vi henfil tinha
pasquim - arrelia nem dava pauta
dentifrício escondido no
buraco do tijolo foi promessa
e a merda de guarapan com
vodka
embriagou de vez os masoquistas
em focault
época de walden - chão de
terra em trindade
beatnik de moela brasileira
com torquato dedilhando um violão
mãe
tu já falava na farsa de toda
propaganda
no comodismo tropical do
futuro com seus caetanos
hoje
só me comprometo com os turbinas
da memória
a locomotiva do sonho que nos
me alimenta
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