segunda-feira, 1 de abril de 2013

a locomotiva do sonho que nos alimenta

tv é quem protagoniza o lero-lero
ciúme daquilo que se propaga  
adiante faço barba sem ter força  
na antropofagia dos muros
nem chego a pensar na idéia de coito
basta de conversinha
a primeira foi uma monareta branca sem marcha pra subir ladeira em são gonçalo
depois comprei vermelha de bancão com amortecedor traseiro
amarrei caixote de garupa e vendia desinfetante na feira  
aos doze já dançava tango e xaxado na casa das prima  
o nordeste estampado no peito - cachaça com rapadura pra ficar numa boa  
cresci querendo encontrar os gafanhotos da língua  
rama de chuchu e maracujá num primeiro porre
abajur eternizava o gozo
de moleque furava balaio que me cuspia no mar
livro abandonado na pedra da bandeira
prorrogava no segundo tempo a poesia
lá deixei meu corpo flutuando no fluxo das imperfeições sublimes  
o pudim de pão - com sua estrela - menina feia - eu desejava
espinha de 78 foi presente de aniversário
continuava viciado em sinuca jogando apostado com zé binha  
lembro dele e do reboco da foda no cutia
pinga só ficava amarela com açúcar e gambiarra
a liberdade do pai é gaiola dando surra na perna
jeovás foram os fósseis da beliche no levante das portas  
uivo de ginsberg já era meu kaddish
sem nunca ter botado os pés na sinagoga
já improvisava discurso com gravata de flanela
descia todo dia o morro de 7-5-2 engraxado e paletó de crente  
eletricista botei fogo na varanda da igreja  
picareta de assistencialismo só ganhava trocado na gávea
publiquei matéria do homem que morreu em pindorama
jóia influente de craveirinha
jornalista ama-dor aos dezoito anos perdi um dente
nenhum cordel de bairro aqui foi vanguarda
quando vi henfil tinha pasquim - arrelia nem dava pauta   
dentifrício escondido no buraco do tijolo foi promessa
e a merda de guarapan com vodka    
embriagou de vez os masoquistas em focault  
época de walden - chão de terra em trindade
beatnik de moela brasileira com torquato dedilhando um violão  
mãe
tu já falava na farsa de toda propaganda   
no comodismo tropical do futuro com seus caetanos
hoje
só me comprometo com os turbinas da memória  
a locomotiva do sonho que nos me alimenta

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