terça-feira, 9 de abril de 2013

nos aquários desordenados da imaginação flutuo

mistério - dentro da palavra seu silêncio - olha - nunca quis entender nada
como se dissecasse aquele corpo pra que outra vida o possuísse
vaga odisséia de qualquer ternura - as pitombas do desejo ficaram pra trás
sorriso que hoje me transtorna sendo nos jazigos da voz meu filho
continuo pensando por este lodo - abençoando as sombras
vez em quando eu rezo - aprendi o mantra de cada formiga que habitava o açúcar  
por que sou daquilo que tudo sente - dentre outras coisas eu sei
era medo de me perder na visibilidade dos lençóis
mãos como instrumento - nunca sortilégio de um fim previsível  
da qualidade da pergunta minha solidão nem quis saber em dar resposta
a favor da falta pela rua ouvia-se o grito
instante em que preciso ficar cego pra com toda imagem
contemplo detalhe - cores mínimas
tampinha de refrigerante que fazia no azul do caule uma flor
há muito perdi minha sorte - roubaram meu segredo - mas no caminho pela confecção do vulto
pude até escutar o cheiro do pântano - feito urso que se despedaça - este verso transborda
experimenta meu amor só pelas beiradas - coração de grandezas inquebrantáveis
há três milênios amaldiçôo a chuva me disse com gentileza aquele sonho
na mitorgia dos eleitos - com asas de lama - nos subterfúgios da revolta - sentia o fôlego
verdade fez com que as coisas perdessem o gosto - sei ser instável como as folhas do pentateuco
nem sou natural de moldura - tampouco um gatinho domesticado
quem me gosta se agarra noutro reflexo - é fascínio ou repulsa - espírito não tolera meio termo
minha alma não fez festa - dos abraços demorados sente nojo
é plena de resíduos já viveu a vida que a toda hora se invade
os amigos sempre foram estátuas frias - livro empoeirado que ninguém lê
estou só nos aquários desordenados da imaginação e flutuo
me interesso bem mais por aquilo que não vejo - amanhã toda necessidade vai ficar broxa
apesar dos submarinos da certeza entrei nas águas sem roupa
meu carinho é obra prima que quebrou o braço da escultura  
este sol disfarçou meu pacto - as gavetas me iniciavam de inútil
discordando das horas e das lágrimas à revelia peço o medicamento sem dosagem de receita       


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