porquê - perguntei primeiro - isso não me interessa
tampouco saber que o ovo foi
lido num congresso de bruxaria em bogotá
espelho só ficou embaçado na
hora do banho
maria prossegue com suas
trivialidades adorando o poema
a bicha moderna com seu
ativismo duvidoso também enche o saco
continuo exaltando o desperdício
escrevendo as agruras em fome de palavra
no freme lunático
sobrecarrega o canto - disse que iria - não fui
tenho lá minhas discrepâncias
- até joguei papel fora - abraço nunca amenizou nada
trago em mim orgulho de
calabouço - no garimpo da memória - sou o mesmo fantasma
adiante vou te escutar sem
ouvidos - dar um basta nos comodistas que me espreitam
carranca ficou suja de sangue
por causa da bebedeira
no aconchego da forma - musgo
de voz avacalha
anseio explorar as cores sem
nenhuma resposta
bate-boca é fraco mas eu nunca
adulo os frangos
tu me disse que há mais de
vinte anos usa a mesma cantada - fiquei sorrindo
minha tristeza enxergava alto
- falamos do eterno debaixo do viaduto
do sentimento patológico das
formigas - do cara de avestruz indo embora - só faltou desenho
as barbas do oráculo odeiam
esmola - represento nada - sou este ritmo sisudo que logo berra
cataclismas da beleza pra todo
lado - o amanhã é de andanças mágicas
a tragédia do quotidiano no coração
vazio das mesas só soube freqüentar boteco
ó fragilidade da força que não
obra
vesti o manto da incoerência
- na felicidade dos talheres - fabriquei a bomba
pra começar a pensar em
tratamento - o perfume da porta - no descompasso da rima - reluz
besta é toda lógica - a moral
dos mudos - o murmúrio sem tesão do corpo e cada objeto utilitário
como celebrar as cinzas no
meio do trânsito - muito prazer não se preocupe com meu bigode
imagem imperfeita e presságio
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