fazia-se de ingênuo - mas era só
pra conservar espanto
esta história poderia se
chamar: o garoto e sua comunhão de nuvens
todavia antes que comece -
devo dizer que no pretérito de sua brincadeira
contemplava ele o útero do
mundo - abismo que a frente seria sua morada
nunca a encenação artificial
de seu satori - a passagem de um vazio
seu punctum - sua picada - o
acaso que nele se fez
pés cansados anseiam repouso
- pelas ampulhetas do tempo
eterna criança - paixão por um
outro reflexo que só se imagina
desenho aqui o caldo de sua
luxúria - o que desconheço
em cantochão - eu sei - este
moleque resguarda seu tesouro
como se à cavalo modificasse
o vento - o surto
já que a virilidade nos olhos
da vida se prepara para o coice
voltemos a nossa flutuante
conversa
rainha dos mouros e dos males
sem fim
este piá tinha olhos de
assombro - um peito sem rédeas
festejava com sua africania
de morte a dor de cada rosto
abusava das cores - cúmplice daquele
céu que o presenteava
exuberante silêncio - nem
precisa dizer o nome
efetuaria o pasmo - a
natureza que refinava o vício
feito águia de barro que
perdeu a cabeça
no lugar do pescoço botaria um
braço surreal e barroco
outra vez ele entrou como um
fantasma naquela choupana
nas falanges do segredo -
atirou o dado e trouxe a testa cheia
intoxicada pela mandinga do
devaneio que tudo ultrapassa
fragmentos de seu próprio
desejo anoiteciam de chuva
entre os deuses do acorde iluminavam
as margens do lago - a lua
reabastecia seu gozo
pode se ouvir o eco - duma
voz rupestre - sua ressonância:
nostalgia é desperdício - é
desagrado
quando o bloco dos contentes
passa
o espírito some - desaparece -
pica mula
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