como os pardais franceses -
vizinho cabeça oca - nas convulsões do churrasco - convida
chá de canela - folha de
laranjeira - cigarro verde e um funk
esquece - monta a padaria e
salva a lesma babosa do homem
bêbado que desenha sol inca sem
nenhuma complacência pergunta:
a memória instigou o gozo da
gangorra ou da eternidade
mina d’água - sei que a
fumaça se multiplicaria
era uma vez - menina magrela
de mini-saia perdida em subúrbio carioca
no portão da mãe deita e
espera - tesão rudimentar no meio da lama
o mesmo motoqueiro com seu
cadeado do século dezoito se afasta
argumento segregou o osso da
cela
guia perdeu alma no gelo - tu
deu pitaco desconhecendo o nirvana
agora me atura dentro de
outra carne - carcomendo os curupiras da seqüela
a beleza da forma é
incompatível com a doença dos dedos
o sapato vermelho do bardo
que não almoça
garatuja a perna do
equilibrista
falei da facada - da mordida
e do beijo
das paqueras do amanhã - deusa
vietnamita sem nenhuma cerca
mistério aqui continua - ilumina
minha fala de falo - ofende -
eu sinto - sempiterno nada
pergaminho da pele que só
descasca
carinho também pode ser
cratera
atravessa os corredores reais
da existência
bota pau nas alcovas do
desejo
bate o carro no cabaré baiano
atrás de punheta
prova que foi tomar daime no
acre e que nunca gostou daquilo
em voz alta cantarolei o
mantra:
desastroso-deboche - anjo-demônio
daquela incerteza
sacrifica logo o filho - a
tampinha de refrigerante enfia no rabo
na cambalhota das cores - incremento
a noiteira
meia dúzia de ovos - choupana
fria
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