domingo, 31 de março de 2013

encarnações de enxurrada

estou em ramallah ou aqui em tiradentes 
debaixo de chuva distribuindo poemas e bebendo a droga da cerveja no bizuca 
mais cedo motoqueiro carniceiro passou - palavra desdobro 
como os utensílios do artesão que veio 
cães no passeio se multiplicam
me senti abatido - alegre moribundo    
se as pessoas falam -  não sei
mas o plantio da propaganda se parece com o todo
pego na sanfona do palhaço judeu - o que representa desastre  
leveza é idéia dos que não se comprometem
complacência daquela artimanha  
coisa em mim é outra - minha voz suburbana nos acasalamentos do óbvio tem fuga 
atiçam as contemplações do olho - girassol maior que os homens da arte
fiz xixi na estrada - de bicicleta - não faltou força - porém desisti dos fósforos
certos idiotas idolatram moda - automóveis dum deus sugestivo   
pesa em minhas vísceras quando alguém deforma a paisagem 
amanhã na boca da cena vou esquecer o troco
atentado - tu fica feliz admirando meu comércio de inútil no meio da praça
agora são dois caricatos - a sobrevida do esgoto - pardal que paira num só lugar
adentro semana santa por estes profanos dias de trabalho
mãe dengosa faz tapete ainda fuma
desse jeito encarno todo enxurrada - criança fortalece o espanto 
tênis confortável de camelô sujo de areia o espasmo 
trago ao rosto de açucena labirinto - serração na montanha agrada o corpo
dizem que os poetas já não morrem
não fiz oficina de traquéia - nem teatro de arena
traquinagem é música - carrego dentro
um lodo de caixas - seis orixás
só chupava laranja pra dizer que comia fruta
reparto meu miojo - viajo pra salvador sem bagagem só com uma loa 
sem essa de pimenta - amo por demais o risco 
testamento que escrevo não carece de herdeiro
trejeito que espalho - na proeza da posteridade - raspou o bigode
alimentou as fêmeas - na solidão de outras embarcações - uma garra crua  






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