estou em ramallah ou aqui em
tiradentes
debaixo de chuva distribuindo
poemas e bebendo a droga da cerveja no bizuca
mais cedo motoqueiro
carniceiro passou - palavra desdobro
como os utensílios do artesão
que veio
cães no passeio se
multiplicam
me senti abatido - alegre
moribundo
se as pessoas falam - não sei
mas o plantio da propaganda
se parece com o todo
pego na sanfona do palhaço
judeu - o que representa desastre
leveza é idéia dos que não se
comprometem
complacência daquela
artimanha
coisa em mim é outra - minha
voz suburbana nos acasalamentos do óbvio tem fuga
atiçam as contemplações do
olho - girassol maior que os homens da arte
fiz xixi na estrada - de
bicicleta - não faltou força - porém desisti dos fósforos
certos idiotas idolatram moda
- automóveis dum deus sugestivo
pesa em minhas vísceras
quando alguém deforma a paisagem
amanhã na boca da cena vou
esquecer o troco
atentado - tu fica feliz
admirando meu comércio de inútil no meio da praça
agora são dois caricatos - a
sobrevida do esgoto - pardal que paira num só lugar
adentro semana santa por
estes profanos dias de trabalho
mãe dengosa faz tapete ainda
fuma
desse jeito encarno todo
enxurrada - criança fortalece o espanto
tênis confortável de camelô
sujo de areia o espasmo
trago ao rosto de açucena
labirinto - serração na montanha agrada o corpo
dizem que os poetas já não
morrem
não fiz oficina de traquéia -
nem teatro de arena
traquinagem é música -
carrego dentro
um lodo de caixas - seis
orixás
só chupava laranja pra dizer
que comia fruta
reparto meu miojo - viajo pra
salvador sem bagagem só com uma loa
sem essa de pimenta - amo por
demais o risco
testamento que escrevo não
carece de herdeiro
trejeito que espalho - na
proeza da posteridade - raspou o bigode
alimentou as fêmeas - na
solidão de outras embarcações - uma garra crua
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