quinta-feira, 21 de março de 2013

faltaria tempo pra que o hímen da palavra se rompesse

saiu pra gafieira com cabrocha só no sapatinho
lá coisa ficou preta - sem o preconceito das cores que falam
grilo cantou madrugada afora - a quizumba dos vagalumes começou cedo
criança fez rapel em minha barba - vinho no colo do passista transborda
foguetes entoavam noite - formigas sentenciavam o gozo do banheiro
noutro dia os realejos eram mágicos
faltaria tempo pra que o hímen da palavra se rompesse
até convidei gente besta pra uma partida de finca na lama
vendi poesia em carrinho de feira no maracanã 
irreverente deturparia o pranto
a cabeça não sara - eletrochoques regurgitavam a pele
em doze de abril me dou como presente ao mar da bahia
e levo qualquer santo pra dentro do boteco
também tem as agulhas de duo por mais seis picadas em minha cuca
meus amores de alopecia foram parar no reino unido
estranho lembrar maiakovski nessa madrugada
nos pergaminhos da conversa seu corpo me ouvia por telefone
friorenta ilusão daquele gozo
ainda posso raspar o bigode de leminski 
ser o abismo universal de cada verso
viajar pra piranhas só com mochila nas costas
olhos adotivos me reinventam
é noite na silhueta de cada estátua - o bronze do gesto ficou gasto 
manhãs de conjuntivite e enxaqueca
na carne carioca da alma - arranjo nada
nem andarilho arranca mato do chão
plastificados bóiam ofertando toda seqüela
quase contemplavam tudo - voltemos ao forró dos mancebos  
cnh vencida a três anos - carcaça de carro caindo aos pedaços
passei por isso e nem penso em sufoco
minhas mãos não se enquadram
desenham cegas de tanto enxergar o musgo de horas salgadas  

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