saiu pra gafieira com cabrocha só no sapatinho
lá coisa ficou preta - sem o preconceito das cores que falam
grilo cantou madrugada afora - a quizumba dos vagalumes
começou cedo
criança fez rapel em minha barba - vinho no colo do passista
transborda
foguetes entoavam noite - formigas sentenciavam o gozo do
banheiro
noutro dia os realejos eram mágicos
faltaria tempo pra que o hímen da palavra se rompesse
até convidei gente besta pra uma partida de finca na lama
vendi poesia em carrinho de feira no maracanã
irreverente deturparia o pranto
a cabeça não sara - eletrochoques regurgitavam a pele
em doze de abril me dou como presente ao mar da bahia
e levo qualquer santo pra dentro do boteco
também tem as agulhas de duo por mais seis picadas em minha
cuca
meus amores de alopecia foram parar no reino unido
estranho lembrar maiakovski nessa madrugada
nos pergaminhos da conversa seu corpo me ouvia por telefone
friorenta ilusão daquele gozo
ainda posso raspar o bigode de leminski
ser o abismo universal de cada verso
viajar pra piranhas só com mochila nas costas
olhos adotivos me reinventam
é noite na silhueta de cada estátua - o bronze do gesto
ficou gasto
manhãs de conjuntivite e enxaqueca
na carne carioca da alma - arranjo nada
nem andarilho arranca mato do chão
plastificados bóiam ofertando toda seqüela
quase contemplavam tudo - voltemos ao forró dos mancebos
cnh vencida a três anos - carcaça de carro caindo aos
pedaços
passei por isso e nem penso em sufoco
minhas mãos não se enquadram
desenham cegas de tanto enxergar o musgo de horas salgadas
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