sábado, 9 de março de 2013

singular demais pra ficar só no plural

terezinha vai botar sabão na pedra 
e a chuva vai chegar sem nenhuma simpatia 
lata d'água na cabeça não 
em terezina a tragédia de meus olhos viu outra coisa
o sertanejo nordestino à procurar um novo hino 
os sedentários de alma e a seca do chão 
paradoxo esse que se imagina 
mas só quem vive dentro sabe
lembrei do gado da carcaça do peixe morto
da criança lá no fundão que chora
dia quente noite fria
deserto que habito deveria ter outras cores
eu sei garganta que procura sede
é sinal de força fraqueza tudo junto
pois o frasco de água vai virar ouro no sertão
quanto custa saciar o camelo do homem
o direito ao grito vem do silêncio de quem não quer escutar
no teatro do matadouro também está escrito:
urubu quando chega carniça voa
sempre é o homem a definhar a carne das serpentes
o primeiro a engolir vento
a mastigar bagaço de cana sem caldo
todavia cansei dos livros passageiros
prefiro o passado sujo das ruas
do que os recitais pomposos de agora
minha hiperatividade não me deixa amar platonicamente ninguém
sobre o nada tenho outras nódoas
a liturgia de tudo o que ainda é pouco
por que sou singular demais pra ficar só no plural 

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