quarta-feira, 13 de março de 2013

o espírito das coisas odeia repouso

segunda escola não tem família - desgraça lek-lek - contamina - enche o saco
então caminho dentro do tempo como um poeta mal lido
vem o intelectuaóide e cheira a goiabeira
e corre pra comprar a fruta no supermercado
grande merda - goiaba boa tem que ter bicho
igual filtro de barro melhor que purificador de nada
o silêncio agora - a febre da mãe - como todas as coisas dimiutas me interessam
numa só noite - a leitura de dois livros - entre os que se apagam me construo
reinvento-me a cada dia pra esquadrinhar a dor
ausência que se faz presente - falei verdade mas vertigem é bem mais interessante
te quero como cúmplice pelas frequências do coração
esse fogo louco em meus olhos se espande
toda realidade - ridícula - traz em si amarras que estagnam o sonho
arquiteto das construções faraônicas do verso - este sou eu em meu reino
rainha no esplendor das coisas que não são
tenha mais diálogo e menos dinheiro ou vontade de possuí-lo
tirei os sapatos e de pés desnudos - senti o chão da cidade amordaçado em sua rotina
os paquidermes me olhavam - fazia frio nos olhos da criança que gritava - me lembrei de línguas paralíticas
balaio de gente besta é o que sobra dividindo sombra nessa terra e nas traquinagens fascistas do ego
pesa por demais continuar sóbria minha existência
já viu urubu albino enciumado de sua própria cor
um cachorro vira-lata que cansou de osso de boteco
é isso e sei que posso te amar com meu amor até sem mesa
de violão quebrado e colher na odisséia da fuga
sou um mentiroso convicto e adoro minhas próprias armadilhas
disse tudo ao inverso - mas em verso é bem maior - imponente
semente da gandaia noturna - serás sempre o desarranjo
estrela do eu - modificai tudo em desamparo
pois tenho a maçã e o sacrilégio de sua fome guardada no bolso 
o poema continuará nas mãos dos impostores
apostando - na verborragia da carne - nos abismos da falta - sua angústia (?)
respondo com minhas tempestades:
quem gosta de voar em bando é pombo - solidão sentida é força
nunca houve acabamentos de alma - o espírito das coisas odeia repouso
falo como as tartarugas do tarô e do oráculo
corpo - minha velocidade é outra - vísceras navegam sem pensar em futuro
o iorgute ficou espalhado pela cozinha
vela vermelha não se apaga - nem papel pintado em nanquim
hoje o castelo do sol  foi invadido - os espelhos já não refletiam sua busca
foram parar em buenos aires seus fantasmas - as janelas estavam mortas
por ali se transfigurava uma vida

Nenhum comentário:

Postar um comentário