quinta-feira, 14 de março de 2013

sacerdotes do corvo da alvorada


esparramo flores no recanto das aves
abrindo os braços do tempo
venho afagar estradas em meu cansaço
centopéias invadem o fluxo repentino da memória
dor que dorme dentro
há um arco-íris nas entranhas da boca
o prenúncio de outras alianças e corvos que se acasalam
eis o sacerdote profetizando as proezas do círculo
protesto contra as redundâncias da vida
as epifanias sem fôlego
enquanto isso vou esculpindo a alma das esfinges
profanando a cura em cada pedaço de vento
meus gestos ficam sendo túmulo
enxurrada no calabouço dos olhos
a tara do mantra atingiu o crepúsculo
fez de instinto um sonho
xacriabás se afogam no sangue das árvores
possesso nas seivas do trono me rezo
em plena alvorada os transeuntes trafegam
entre cães de vidro os pesadelos estão arraigados no solo
corações de fumaça
no canto do galo gaulês a missa retalha o rosto
restituindo o ruído
é banto a eletricidade do órgão
música nas heras da cor
a língua universal das nuances evoca o verbo
no princípio do silêncio o grito
na garganta instintiva do traço
tenho detestado o tempo
ruas nas muralhas do esôfago      





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